Rio
O rio aqui é o Zêzere! Vem da Estrela, a caminho do Tejo, cruzando uma boa parte do território da Estrela-Sul. De Vales do Rio ao Barco, vai tranquilo e cristalino, a partir daí inicia um percurso tortuoso, entre meandros. Em invernos chuvosos e nevosos ganha outro caráter e cor; cinzento e lodoso corre rápido em todo o lado, invadindo os aluviões, que as gentes do rio defendem desde tempos ancestrais, através dos calços ou fortes, estruturas perpendiculares ao rio que lhes quebram o ímpeto e lhes capturam os lodos e as areias, os primeiros para fertilizar os terrenos agrícolas das suas margens, designados por lodeiros, as segundas para trabalhos de construção.
O rio foi muitas vezes um obstáculo, que até à construção das primeiras pontes em meados do século XX, era transposto por pontões temporários e barcas de passagem, mas foi igualmente uma estrada natural que transportou troncos para serrações a jusante. A sua força motriz foi aproveitada para lagares, através do desvio da água por levadas até lugares defendidos das cheias, e moinhos de água em pleno leito, numa tipologia idêntica à dos moinhos do Guadiana.