Lavacolhos

Lavacolhos

Na sombra da Gardunha e com o olhar na Estrela, Lavacolhos é uma freguesia muito particular, entrelaçam-se e coexistem muitos elementos e influências, convivem, lado a lado, castanheiros, sobreiros, carvalhos-negrais e pinheiros, nas ribeiras freixos e amieiros; aqui e além cerejeiras … e, claro está, oliveiras, muitas vezes nos próprios quintais.

Porém mais do que a paisagem, ou a ocupação do solo, a verdadeira marca identitária de Lavacolhos são os bombos, e a sua toada empolgante e ancestral que parece vinda do fundo dos tempos. Esta tradição continua bem viva, através de uma associação de tocadores e de um polo museológico – a Casa do Bombo; tendo ambas as instituições conseguido que o saber fazer relativo à construção dos bombos fosse reconhecido como Património Imaterial.

Xisto
Xisto

Bogas de Cima

Bogas de Cima

O povoamento da freguesia reparte-se por uma série de pequenas aldeias, disseminadas entre pinhais, sendo a exploração florestal uma das principais atividades da freguesia. No entanto o solo e o relevo são particularmente favoráveis ao cultivo da oliveira que, felizmente, ainda tem alguma expressão.

A importância dos olivais é testemunhada também pela existência de diversos antigos lagares que aproveitavam a força motriz da água de várias ribeiras, e muito particularmente a das Bogas, em cujas várzeas a cultura do linho teve igualmente bastante expressão.

No núcleo urbano da sede da freguesia subsistem ainda alguns exemplos de habitações tradicionais em xisto, entre as quais se destaca a emblemática Casa Redonda.

Xisto
Xisto

Janeiro de Cima e Bogas de Baixo

Janeiro de Cima e Bogas de Baixo

Janeiro é terra de barqueiros, construtores de barcos e pescadores que, simultaneamente talham a pedra, cultivam as várzeas e tratam dos pinhais. Gente laboriosa que desenvolveu todas essas competências devido ao extremo isolamento em que viveram, no fundo do vale, entre ravinas e barrocas.  A autossuficiência, coragem e a cooperação comunitária foram por isso a chave para a sua sobrevivência – no sentido literal do termo, já que durante as Invasões Francesas as suas gentes rechaçaram uma coluna de tropas com algumas centenas de soldados.

A construção tradicional utiliza uma base de xisto associada a calhaus rolados, conferindo-lhe um aspeto muito particular, sem ter, no entanto, as mesmas características que se encontram no Paúl. A existência de um conjunto significativo de habitações com estas características, motivaram a que Janeiro de Cima fosse englobado na rede das Aldeias de Xisto.

Rio
Rio
Xisto
Xisto

Barroca

Barroca

Na Barroca a história do xisto escreve-se há milénios, os seus remotos antepassados gravaram figuras geométricas mágicas e animais em rochas nas margens do Zêzere. Muros, socalcos, moinhos, lagares, habitações, das mais modestas às senhoriais, foram construídas em xisto. Felizmente muitas delas mantiveram a sua traça e características, estando a Barroca por isso englobada na rede das Aldeias de Xisto.

Uma ampla frente ribeirinha e uma passagem pedonal sobre o rio, convidam a caminhar ao longo do rio, se formos para montante, após uma larga curva, em que o Zêzere corre rápido, iremos encontrar uma outra realidade: as monumentais escombreiras do Cabeço do Pião (Silvares). De uma paisagem natural passamos para uma paisagem industrial.

Rio
Rio
Xisto
Xisto

Silvares

Silvares

A vila é uma povoação muito antiga com referências históricas que datam da Idade Média. O rio, e várias linhas de água que aí vão desaguar, criaram os aluviões que possibilitam o cultivo de hortícolas, milho, batatas e oliveiras, muitas vezes com recurso a socalcos. O povoamento fez-se ao longo de uma crista sobranceira ao rio. Aqui, como noutros locais ribeirinhos, o Zêzere foi a estrada natural para o escoamento da madeira de pinheiro, espécie desde há muito dominante no coberto florestal da região e um dos seus principais recursos.

Porém a alavanca principal para o desenvolvimento de Silvares no século XX foi a mineração no Couto Mineiro da Panasqueira, pois a poucos quilómetros da vila, no Cabeço do Pião, foi instalado o complexo de lavarias que, através de um teleférico, assegurava o tratamento do minério proveniente da Barroca Grande. Associado a esta estrutura, e às suas necessidades de mão-de-obra e manutenção, foi construído um bairro operário e diversos armazéns.

Rio
Rio
Volfrâmio
Volfrâmio

Barco e Coutada

Barco e Coutada

O Barco deve o seu nome a um muito antigo privilégio régio que o tornou uma das povoações ribeirinhas do Zêzere com direito a ter, e explorar, a travessia do rio através de uma barca. A montante, Coutada é povoação muito próxima, existindo praticamente uma continuidade no povoamento entre ambos os núcleos urbanos.

É junto à Coutada que o Zêzere muda o seu carácter; o curso mais ou menos retilíneo que traz desde Belmonte e que atravessa a Cova da Beira, passa a ser algo tortuoso, de curvas e meandros, ora correndo junto a encostas abruptas numa margem, ora espraiando-se em areais e cascalheiras na margem oposta. É também por aqui que os calços, estruturas em pedra, perpendiculares ao rio, surgem com mais frequência e monumentalidade.

Para sul, bem à vista e dominando todo o vale, ergue-se o Cabeço da Argemela, serra de lendas, com vestígios de exploração mineira e metalúrgica que remontam à pré-história, e que veio a conhecer o seu auge nos anos da II Guerra Mundial, com centenas de pessoas revolvendo as suas encostas na busca do ouro negro. Após esse período a exploração do volfrâmio foi ainda prolongada através da concessão das minas da Recheira, conhecida localmente como a mina do alemão, atualmente visitável e, de uma outra, denominada como da Companhia Inglesa.

Rio
Rio
Volfrâmio
Volfrâmio

Peso e Vales do Rio

Peso e Vales do Rio

Peso e Vales do Rio estão inequivocamente ligados ao Zêzere que aqui tem ainda as características do seu curso da Cova da Beira, de caudal lento, com aluviões largos em ambas as margens, galerias ripícolas frondosas de freixos, salgueiros, amieiros e choupos (infelizmente em alguns pontos invadidas por acácias). A fertilidade das terras marginais ao rio permite a realização de múltiplas culturas, regadas por elevação da água diretamente do leito, atualmente por moto bombas, no passado por rodas hidráulicas. 

Possivelmente derivado à proximidade com a Covilhã, a indústria de lanifícios tem ainda alguma representatividade e presença na economia local. Já a mineração é uma memória praticamente apagada, mas de que existe ainda o testemunho físico de uma mina esquecida entre pinhais, num lugar remoto, de onde se extraiu o volfrâmio.

Rio
Rio
Volfrâmio
Volfrâmio

Paúl

Paúl

A vila do Paúl possui uma marca identitária muito forte que lhe advém do aspeto das construções tradicionais, utilizando calhaus rolados ligados por argamassa de barro vermelho, que embora não exclusivas desta freguesia, têm aí grande representatividade. 

A ribeira do Paúl ou da Caia é alimentada por um complexo de linhas de água provenientes maioritariamente da serra da Estrela, assegurando-lhe um abundante caudal e uma excelente qualidade. A ribeira é o verdadeiro elemento estruturante do povoamento e do uso do solo da freguesia, pois possui aluviões largos com lameiros, onde se praticam diferentes culturas de regadio, através de levadas que, a partir de açudes e represas, encaminham a água para os campos. No passado este recurso foi largamente aproveitado também como força motriz para dezenas de engenhos, nomeadamente moinhos e lagares, alguns dos quais ainda visíveis, outros como, um pisão, constitui apenas uma memória toponímica.

A boa qualidade da água a existência de numerosos açudes, poços, cascatas e matas ribeirinhas, tornam a ribeira um local muito aprazível para banhos, passeios e para a pesca das trutas que constitui igualmente um dos ex-libris do Paul.

Xisto
Xisto

Casegas e Ourondo

Casegas e Ourondo

Casegas é uma das povoações mais antigas no conjunto das freguesias da ADERES, com referências históricas que remontam ao século XII. Pertenceu à Ordem dos Templários, posteriormente Ordem de Cristo, tutelou uma vasta área territorial, que incluía zonas atualmente pertencentes às freguesias de Erada, Sobral de S. Miguel (antigo Sobral de Casegas!) e S. Jorge da Beira. Ao longo da sua rede hidrográfica existem aluviões férteis que permitem uma grande variedade de culturas, havendo registos da existência de 20 moinhos e 5 lagares, testemunhos de alguma opulência ainda visível na sede da freguesia, em residências com características senhoriais, de xisto e granito, e exemplos de arquitetura religiosa, que incluem além da igreja matriz a emblemática capela das Almas. 

O topónimo Ourondo deriva provavelmente de ouro, certamente aí, como noutras localidades ribeirinhas da região, explorado por garimpo nos areais do Zêzere. Porém a grande riqueza atual de Ourondo é a biodiversidade e a paisagem. O Zêzere serpenteia e contorce-se em meandros tortuosos e, perpendicularmente ao seu leito, erguem-se muros de pedra de proteção dos lodeiros contra as cheias e a erosão, os chamados calços, formando uma paisagem compartimentada de verdadeiros mosaicos de habitats ribeirinhos (prados, galerias ripícolas, cascalheiras e areais), com áreas agrícolas, e olivais e pinhais em cotas um pouco superiores.

Rio
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Xisto
Xisto

Aldeia de S. Francisco

Aldeia de S. Francisco

Atualmente a freguesia da Aldeia de S. Francisco constitui verdadeiramente o centro da atividade extrativa das minas da Panasqueira; a algumas centenas de metros da sede da freguesia, a Barroca Grande é a grande entrada para o coração da mina onde, em 3 turnos diários, algumas dezenas de homens extraem das entranhas da terra toneladas de rochas, que ascendem e circulam pela superfície, sujeitas a diferentes tratamentos até à obtenção do volfrâmio, do cobre e do estanho. 

A mina é um organismo complexo, em constante mudança e movimento, nos tapetes rolantes, nos sons da maquinaria, no gotejar permanente da água, no vaivém dos trabalhadores da superfície…. Sobre a mina e sobre a paisagem ergue-se uma monumental escombreira dos materiais sobrantes, que enquadra a própria sede da freguesia e, qual serra, é visível em muitos quilómetros ao redor. 

O Zêzere limita toda a área sul da freguesia, e se em alguns pontos margina paisagens industriais, noutros corre em rápidos, resultantes da sua passagem em vales apertados, com encostas cobertas por matagais mediterrânicos.

Volfrâmio
Volfrâmio